29.4.11

Pierre Menard, autor do Quixote


“Pierre Menard, autor del Quijote”, da seção “El jardín de senderos que se  bifurcan”, do livro Ficciones, é um desses divertidos contos de Borges em que o argentino brinca com alguns de seus temas prediletos, os livros, a identidade, a autoria. O narrador busca defender a imagem de seu amigo Menard, recém-falecido, enumerando sua obra visível e, sobretudo, sua obra não-visível, composta pelos capítulos nono e trigésimo oitavo da primeira parte do Dom Quixote “y de un fragmento del capítulo veintedós.” Como diz o narrador, o objetivo de Menard não era transcrever ou copiar o Quixote, mas sim “producir unas páginas que coincidieran – palabra por palabra y linea por linea – con las de Miguel de Cervantes.” Borges diverte-nos com sua ironia ante a crítica, especialmente a excessiva contextualização (“el texto de Cervantes y el de Menard son verbalmente idénticos, pero el segundo es casi infinitamente más rico”), com seus jogos circulares e vertiginosos (é mais difícil compor o Quixote depois do Quixote, já que os fatos supervenientes, inclusive o aparecimento do Quixote, mudam o contexto histórico e as condições para sua elaboração) e com sua imaginação sobre a imaginação (“todo hombre debe ser capaz de todas las ideas y entiendo que en el porvenir lo será”).

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