2.5.11

o rádio enorme

O conto “The Enormous Radio”, de John Cheever, fala de um casal de classe média americana, amante da música, que compra um rádio novo e monumental que acaba captando os sons dos apartamentos vizinhos. Irene Westcott (“a pleasant, rather plain girl with soft brown hair and a wide, fine forehead upon which nothing at all had been written”) irá fascinar-se morbidamente pela intimidade dos vizinhos, deprimindo-se com suas fraquezas, vícios, mesquinhez. Irene ilude-se com a idéia de que os outros são desviantes, de que sua vida e família constituem a exceção, fechados em sua sanidade emocional e moral, quando na verdade também os Westcotts, também nós, diz-nos Cheever, vivemos na patologia, nos vícios escondidos entre quatro paredes. No desabafo de Jim, e na patética tentativa de Irene de esconder-se das próprias vilezas (“Please, Jim,” she said. “Please. They’ll hear us.”), está a revelação, a moral simples de que, como já se disse, “de perto ninguém é normal”.  

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