1.5.11

o apanhador no campo de centeio


“The Catcher in the Rye”, de Salinger, fala da trajetória solitária de um adolescente que não se ajusta ao seu papel. É uma pequena tragédia de fim-de-semana, uma sucessão de fracassos na vida de Holden Caulfield: expulsão da escola, brigas com colegas, virgindade e terror diante da prostituta, caminhadas pelo frio e pela chuva, solidão na noite. O protagonista-narrador sofre suas pequenas derrotas até a exaustão emocional e a internação. Tudo em tom resignado e derrotista.
A linguagem simples, coloquial, com muitas gírias, explica o enorme sucesso entre o público jovem. Salinger não descreve. O texto é só ação e pensamento. O autor chega a se auto-ironizar por meio do personagem Stradlater, que não consegue fazer uma redação descritiva para o colégio. Pede ao protagonista que a faça, algo como uma descrição de um quarto, mas este acaba por descrever-dissertar sobre a luva de beisebol do irmão Allie, morto prematuramente.
O melhor do livro são as memórias das pessoas queridas, o irmão Allie, a irmã Phebe e a paixão da infância, Janet, lembrada no belo capítulo 11. O carinho fraternal é o que há de mais puro em Caulfield; é seu vínculo mais forte com um mundo que não quer acolhê-lo. Ao lado de Caulfield, o outro personagem é Nova York, fria, chuvosa, quase deserta.
O “catcher in the rye” (apanhador no campo de centeio) é uma imagem que aparece num sonho do narrador: ele, num campo, à beira de um precipício, apanhando pequenas crianças que, ao brincarem distraídas, caminhavam para a queda. Um bonito título para um livro de Salinger que vai alem do seu charme adolescente.

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