2.5.11

a virgem e o cigano

“The Virgin and the Gipsy” não é das obras mais complexas de D. H. Lawrence. A temática é bem sua, o confronto entre valores tradicionais, apresentados em tom crítico e personificados em figuras mesquinhas, e valores libertários e iconoclastas, personificados em figuras sensuais e contestadoras. Mas a estrutura é muito simples, e a apresentação dos personagens, esquemática, quase caricatural.
Yvette Saywell, jovem de família tradicional mas de sentimentos inconformados, sente estranha atração por cigano. Aproxima-se dele, mas não se entrega, ainda reprimida pelos valores familiares e tradicionais que rejeita abertamente. Embora pareça percorrer os caminhos da mãe, que fugira com o amante, não chega a tanto. Resignada e desinteressada, vive ao fim uma experiência apocalíptica, quase sobrenatural, com o cigano, que a salva de uma enchente, abraça-se a ela, para juntos desfalecerem. Torna-se o segredo de ambos, a conjunção amorosa sem a carne.
O final surpreendente e anti-natural dá um pouco de vida à história, que caminhava para um impasse, uma vez que a moça desistira do cigano e acomodara-se com a família que tanto odiava, a toda-poderosa avó Granny, a neurótica tia Cissie e o pai paranóico. A enchente, com sua violência, é a ruptura, uma força natural arrebatadora que, alegoricamente, destrói a casa (a família) e permite o encontro do casal socialmente improvável. Ainda que parcial, é o triunfo da paixão sobre a convenção.
Lawrence tem um estilo peculiar, da repetição de frases e termos num mesmo parágrafo ou página. Descreve pouco, menos interiores do que paisagens, e valoriza o diálogo. Neste pequeno romance, o estilo impressiona menos do que a força de seu tema querido, o embate entre convenção social e libertação pessoal.

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